A Derrubada de Roe Vs. Wade: Entrevistei um Americano Sobre - Output Media

 

Por Samuel Right

Versão em Português (Portuguese Version)

A derrubada do processo que considerou por mais de 40 anos o aborto nos EUA "constitucional" foi finalmente, após grande esforço, derrubada pela Suprema Corte Americana por 5 votos a favor da derrubada e 4 contra. Um processo dessa magnitude, uma vitória para os cristãos daquela nação, infelizmente tem sido divulgado de forma superficial aqui no Brasil no famoso "me disseram que" ou da forma partidária, assim não trazendo uma perspectiva mais realista da situação. Bem, para evitar essa situação a mim e a você, caro leitor da Output Media, entrevistei um cristão americano que obviamente tem maior noção do cenário local. Antes do disso, aviso que haverá a versão em português e em inglês, caso prefira. A fonte em questão decidiu permanecer anônima, portanto, quanto a ele manteremos total sigilo. 

Segue a entrevista:

Como iniciou o processo antes desse momento incrível em que Roe vs. Wade foi derrubado. É um processo antigo ou é um movimento recente dos movimentos cristãos?

"É realmente um momento incrível, maravilhoso. Louvado seja o Senhor! Parte do que o torna tão animador é que o movimento para derrubar Roe v Wade tem sido uma longa campanha para os cristãos nos Estados Unidos e no mundo. Cresci pensando que o caso nunca seria revertido e, para muitos no movimento Pró-Vida, isso foi o culminar de um compromisso ao longo da vida com o ativismo. Certamente, embora a questão tenha se intensificado no século XX. Para aqueles no exterior que podem não entender muito sobre a política americana, o velho mantra do Progressista era que o aborto deveria ser "seguro, legal e raro", mas essa posição foi amplamente abandonada pelo abominável "grite seu aborto". Isso, eu acho, despertou muitos pró-vida de seu sono. Os sentimentos pró-vida desempenharam um grande papel em convencer muitos a votar em Trump, já que o assento na Suprema Corte ocupado por Neil Gorsuch foi mantido aberto pelo Partido Republicano especificamente para que um novo presidente, não Barack Obama, pudesse indicá-los. Isso mostra como grandes paixões correram sobre esta questão, e com razão!"

Como a mídia, os governos e os acordos reagiram? Alguma ameaça para mais tumultos?

"Os três ministros progressistas da Suprema Corte deram o tom em sua opinião divergente: "desde o momento da fecundação, a mulher não tem nenhum direito de falar". Os partidários do sacramento de Moloch, seguindo o exemplo, afirmam que esta decisão torna as mulheres pouco mais do que escravas. Deixando de lado o absurdo manifesto dessas alegações, vários estados dominados pelo Partido Democrata passaram a consagrar constitucionalmente ou legalmente o aborto em seus estados, alguns com leis ainda mais extremas do que as permitidas em Roe v Wade. Ainda há muito trabalho a ser feito antes que o aborto seja erradicado nos Estados Unidos. Quanto aos tumultos, vi pouco e espero pouco. O caso George Floyd foi em grande parte impulsionado por grupos de mídia que queriam tumultos e protestos violentos para reforçar a campanha política contra o presidente Trump. Mas, em vez de tumultos, vimos uma série de ataques a centros de gravidez e igrejas Pró-Vida, alguns bastante violentos. Nós, jovens cristãos nos Estados Unidos, teremos que intensificar a defesa de nossas comunidades."

Como o povo americano está realmente reagindo a isso? Sabemos que os progressistas que vemos na internet e na televisão não são a maioria da população.

"Não devo dizer que homens e mulheres que pensam corretamente estão jubilosos e os progressistas estão furiosos. Quanto à grande maioria do povo americano, porém, a triste realidade é que as mensagens progressistas dominam. A maioria não sentirá isso com o mesmo fervor dos dois grupos mencionados, mas eu me preocupo. Por maior que seja uma vitória, ela permitirá que os progressistas voltem a vestir a máscara dos oprimidos e marginalizados, e a alavanquem para ganhar ainda mais poder cultural. Não devemos nos tornar complacentes, nem nossos irmãos de além-mar."

Você vê como uma possibilidade de acontecer uma guerra civil novamente nos Estados Unidos? O Dr. Evandro Pontes, advogado cristão de São Paulo, diz que a decisão tomada pela SCOTUS é um forte passo para a secessão dos Estados Unidos em sua análise. Isso, na sua perspectiva, faz sentido?

"A ideia de que a América está caminhando para uma Guerra Civil é em grande parte uma fantasia ociosa, não uma realidade. Eu acho que é algo que os americanos conservadores tendem a se entregar porque tal conflito reduziria nossas obrigações em um ditado fácil: mate seu inimigo. A realidade é que a grande maioria dos americanos é passiva demais para provocar uma Guerra Civil. Lembre-se da primeira Guerra Civil Americana, que foi liderada por governos estaduais, não uma revolta em massa. Não vemos movimentos semelhantes de governos estaduais mesmo antes de Roe, então acho que a possibilidade era e continua sendo altamente improvável. Mas não posso dizer se essa decisão levará ou não a uma intensificação ou relaxamento de nosso conflito cultural e político. Isso dependerá de os líderes progressistas verem ou não o direito ao aborto em estados conservadores como algo que vale a pena lutar. Tudo isso em mente, porém, não tenho certeza de quanto isso vai mudar politicamente. Os progressistas continuarão a promover sua revolução cultural em casa, provavelmente passando para os chamados "MAPs" nas próximas décadas. Devemos nos regozijar que milhões de crianças inocentes serão salvas da carnificina, mas não ter a ilusão de que essa decisão de repente significa que os conservadores são a facção ascendente na política americana, ou que uma paz pode ser negociada. Ainda há muito trabalho a ser feito antes que o país esteja em um estado semi-saudável."

Esta vitória é apenas o começo?

"Certamente esta decisão, por maior que seja uma vitória, é apenas o começo. A meu ver, há três frentes para continuar a luta. A primeira é óbvia: o aborto ainda é legal em muitos estados, e esses estados abrigam a maioria da população americana. Precisamos continuar a batalha política contra o aborto, porque enquanto as clínicas de aborto permanecerem abertas, a carnificina continua. A segunda é a batalha para criar uma sociedade e uma cultura em casa que se revolta contra o aborto. Precisamos de uma economia estruturada em torno da vida familiar, que seja permissiva para as crianças e não que as veja como um custo. Perseguir esse objetivo pode muito bem levar a uma reestruturação radical de nossa vida econômica, muito mais do que o conservador médio se sente confortável. Além disso, devemos continuar a campanha contra as concepções individualistas e hedonistas da vida sexual como professadas pelo movimento LGBT, artistas de rua e até mesmo alguns membros dos conservadores não-cristãos. Não podemos tomar essas questões isoladamente, todas elas se entrelaçam em uma visão de mundo. A terceira frente é a luta contra o aborto ilegal. Mesmo que nossa economia seja reestruturada de tal forma que o aborto não seja mais incentivado, não devemos esquecer que o homem (ou neste caso, a mulher) é uma criatura pecadora. Precisamos de meios eficazes de encontrar e processar abortistas clandestinos, bem como provedores de abortivos fora do estado. Não tenho dúvidas de que uma horda de ONGs e das chamadas organizações de direitos humanos descerá aos Estados Unidos para fornecer proteção legal e assistência àqueles que desejam fazer um aborto ilegal. Devemos sempre ter em mente que o aborto pode ser ilegal no papel, mas fácil na prática.

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No final de tudo isso, lembro-me do que estamos lutando. GK Chesterton uma vez escreveu que "os pilares da sociedade serão abalados, e os telhados das eras cairão, e nenhum fio de cabelo [da cabeça de uma menina] será prejudicado". Esta grande batalha, que o Senhor nos deu, é preservar, defender e promover a beleza da família. E a família, no cômputo final, nada mais é do que a imagem do amor de Deus por nós. Sejamos então partidários de pais fiéis, mães dedicadas, filhos livres e, finalmente, nosso Senhor e Deus."

Muito obrigado por conceder esta entrevista e nos ajudar aqui no Brasil a entender melhor essa grande vitória na perspectiva americana sem os filtros do mainstream. Mais uma vez obrigado. Deus te abençoe.

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English Version (Versão em Inglês)

The overturning of the process that considered for more than 40 years abortion "constitutional" finally got overturned by the American Supreme Court with 5 votes to in favor of the overthrow and 4 against. A process of this magnitude, a great victory to the chrstian communitity of that nation, unfortunately it has been publicized in the famous "told me that" or partisan form, thus not discussing the reality of the situation. Well, to avoid that situation for you and me, dear Output Media reader, I interviewed an American Christian who obviously has a better sense of the local scene. Before that, notice that there will be a version in Portuguese and in English, if you prefer. The source in question has chosen to remain anonymous, so we will keep his identity confidential.

How get started the process before this incredible moment where Roe vs. Wade got overturned. It’s an old process or it’s a recent move from christian moviments?

"It really is an incredible moment, a wonderful one. Praise be to the Lord! Part of what makes it so heartening is that the movement to overturn Roe v Wade has been a long campaign for Christians in the United States and the world. I grew up thinking the case would never be overturned, and for many in the Pro-Life movement this has been the culmination of a life-long commitment to activism. Certainly though the issue has intensified in the Twentieth Century. For those abroad who may not understand much about American politics, the old mantra of the Progressive was that abortion ought to be "safe, legal, and rare", but that position has largely been abandoned for the abominable "shout your abortion." That, I reckon, roused a lot of lukewarm Pro-Lifers from their slumber. Pro-Life sentiments played a large role in convincing many to vote for Trump, as the seat on the Supreme Court held by Neil Gorsuch was held open by the Republican Party specifically so a new President, not Barack Obama, could nominate them. That shows how high passions have run on this issue, and rightly so!"

How media, governments and wokes reacted? Any threat to more riots?

"The three Progressive Justices on the Supreme Court set the tone in their dissenting opinion: "from the very moment of fertilization, a woman has no rights to speak of." The partisans of Moloch's sacrament, following suit, claim that this decision renders women little more than chattel slaves. The manifest absurdity of these claims aside, several states dominated by the Democratic Party have moved to constitutionally or legally enshrine abortion within their states, some with even more extreme laws than were permitted under Roe v Wade. There is still much work to be done before abortion is stamped out in the United States. As for riots, I have seen little, and I expect little. The George Floyd affair was largely driven by media groups who wanted riots and violent protests to bolster the political campaign against President Trump. But in the stead of riots we have seen a spat of attacks on Pro-Life pregnancy centers and churches, some rather violent. Us young Christian men in the United States will have to step up for the defense of our communities."

How is the American people actually reacting to this? We know wokes we see at internet and television are not the majority of the population.

"I ought not have to say that right-thinking men and women are jubilant, and Progressives are furious. As for the vast bulk of the American people though, the unfortunate reality is that Progressive messaging dominates. Most will not feel it with nearly the fervor of the two aforementioned groups, but I do worry. As great a victory as this is, it will allow the Progressives to once again slip on the mask of the oppressed and disenfranchised, and leverage it to gain even more cultural power. We must not grow complacent, and neither must our overseas brethren."

You see as a possibility of happening a civil war again in the United States? Dr. Evandro Pontes, a christian lawyer from São Paulo, says that the decision made by SCOTUS is one strong step to secession of the United States at his analysis. All of it, in your perspective, makes sense?

"The idea that America is heading towards a Civil War is largely an idle fantasy, not a reality. I think it is something that conservative Americans tend to indulge in because such a conflict would cut our obligations into one easy dictum: kill your enemy. The reality is that the vast majority of Americans are far too passive to provoke a Civil War. Recall the first American Civil War, which was led by State Governments, not a mass uprising. We do not see any similar movements by State governments even before Roe, so I reckon the possibility was and remains highly unlikely. But I cannot say whether or not this decision will lead to an intensification or relaxation of our cultural and political conflict. That will depend on whether or not Progressive leaders see abortion rights in conservative states as something worth pushing hard for. All this in mind though, I am not sure how much this will change politically. The Progressives will continue to push their cultural revolution at home, likely moving onto so-called "MAPs" in the coming decades. We should rejoice that millions of innocent infants will be saved from butchery, but not be under the illusion that this decision suddenly means conservatives are the ascendant faction in America politics, or that a peace can be brokered. There is still much work to be done before the country is in a semi-healthy state."

And now, the last question: this victory it’s just the beginning?

"Certainly this decision, as great a victory as it is, is only the beginning. As I see it, there are three fronts to continue the fight on. The first is obvious: abortion is still legal in many of the States, and those states contain the majority of the American population. We need to continue the political battle against abortion, because as long as abortion clinics remain open, the butchery continues. The second is the battle to create a society and culture at home which revolts against abortion. We need an economy structured around family life, one permissive of children rather than one that sees them as a cost. Pursuing that end may very well lead to a radical restructuring of our economic life, far more than the average conservative is comfortable with. Furthermore, we must continue the campaign against individualistic and hedonistic conceptions of the sexual life as professed by the LGBT movement, pick-up artists, and even some members of the non-Christian conservatives. We cannot take these issues in isolation, they all weave together into one worldview. The third front is the battle against illegal abortions. Even if our economy is restructured in such a way that abortion is not longer incentivized, we must not forget man (or in this case, woman) is a sinful creature. We need effective means of finding and prosecuting back-alley abortionists as well as out of state abortifacient providers. I have no doubt that a whole dread host of NGOs and so-called Human Rights organizations will descend on America to provide legal protection and assistance to those who wish to have an illegal abortion. We must always keep in mind that abortion can be illegal on paper but easy in practice. 

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At the end of this all, I am reminded of what we are fighting for. GK Chesterton once wrote that " the pillars of society shall be shaken, and the roofs of ages come rushing down, and not one hair [on a little girl's head] shall be harmed." This great battle, the one the Lord has given to us, is to preserve, defend, and advance the beauty of the family. And the family, in the final reckoning, is nothing more than the image of God's love for us. Let us then be partisans of trusty fathers, doting mothers, free children, and ultimately our Lord and God."

Thank you so much for giving this interview and help us here at Brazil have a better understanding about this great victory at the american perspective without the mainstream woke filters. Again, thank you. God Bless you.

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